Ex-marido da Dilma, o advogado Carlos Araújo foi ameaçado de sequestro 

O advogado Carlos Araújo, ex-marido da presidente Dilma, ficou sob segurança máxima da Polícia Federal nas últimas semanas por risco de sequestro. A denúncia partiu de um iraniano que cumpre pena por tráfico de drogas no Presídio de Mossoró (RN). Ele pede há cerca de dois anos indulto ao governo brasileiro e, como "gesto de boa vontade", como define um delegado da Polícia Federal, passa informações de dentro do presídio para tentar ganhar algum benefício.

O último desses gestos foi avisar ao Depen (Departamento Penitenciário Nacional) que uma organização criminosa preparava um plano para sequestrar Araújo. Mesmo sem que o iraniano apresentasse provas, a informação repassada ao Ministério da Justiça bastou para impactar o governo e deixar a presidente Dilma estressadíssima.

O advogado gaúcho Carlos Araújo, de 76 anos, companheiro de Dilma por mais de 20 anos, não é considerado parte da "família presidencial" e, portanto, não tem direito à segurança permanente, como acontece com sua filha, Paula, o neto Gabriel, e o genro Rafael, além de sua mãe Dilma Jane e de uma tia, que moram com ela no Palácio da Alvorada.

O risco de sequestro a que Araújo ficou exposto há duas semanas, em Porto Alegre, deixou a presidente Dilma preocupada, o que levou a área de inteligência da Polícia Federal a deixá-lo por sete dias sob segurança máxima do órgão.

- Eu determinei que fosse realizada a segurança do doutor Carlos Araújo dentro dos padrões normais de segurança para casos dessa natureza. Antes disso, eu entrei em contato com ele e disse que, por cautela, seria recomendável que fosse feita a segurança pelo período necessário. Doutor Araujo disse que nada daquilo era preciso, que não achava necessário. Eu expliquei que se tratava de um procedimento padrão e que deveria ser seguido por ele - afirmou o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo.

Quando a presidente foi avisada sobre o risco de sequestro, pediu prioridade máxima à Polícia Federal para investigar o caso. A Direção-Geral da PF confirmou a operação. Disse que o departamento de inteligência foi acionado, e uma equipe de agentes foi enviada à casa do advogado para “garantir sua integridade”.

Segundo a PF, foram feitas todas as investigações e se concluiu que não havia plano em andamento. A polícia diz que o informante não tem credibilidade e que a maioria das informações que passou de dentro dos presídios de Catandúvas (PR) e Mossoró, onde está atualmente, não evoluíram. Mas a área de inteligência tratou da informação como “risco real de sequestro”.

No dia 2 de maio, uma sexta-feira, o advogado estava comprando flores perto de sua casa, na zona Sul de Porto Alegre, no meio da tarde, quando a presidente telefonou, perguntou onde ele estava e pediu que fosse imediatamente para casa. Araújo foi informado por um grupo de agentes da PF e pelo superintendente do órgão no Rio Grande do Sul, Sandro Caron, que havia risco de ser sequestrado e que passaria a ficar 24 horas sob vigilância da polícia. O esquema de segurança durou sete dias.

A casa, localizada na Avenida Copacabana, foi considerada bastante vulnerável pela polícia. As grades são baixas, o lugar é ermo, e os fundos da propriedade se encontram com o rio Guaíba, numa área próxima a um clube que estaciona barcos e lanchas. Ou seja, se houvesse um ataque, poderia ser pelo rio. Por isso, a casa ficou cercada por agentes à paisana, porém, armados e com fones de escuta.

Neste período, ele não se privou de sair de sua casa, nem alterou muito a rotina, mas conviveu dia e noite com os policiais, que se revezavam entre a segurança dentro de sua casa e o acompanharam em trajetos de carro pela cidade. Araújo continuou indo ao escritório de advocacia para atender aos clientes e à Santa Casa, onde faz regularmente fisioterapia, por conta de um enfisema pulmonar que o acompanha há alguns anos.

Um amigo de Araújo relata que numa dessas idas ao hospital, ele decidiu suspender o tratamento, temendo que algo acontecesse com os pacientes. O advogado também reduziu as visitas de amigos, almoços, jantares e reuniões políticas em sua casa.

Por precaução e pelo fato ter ocorrido numa sexta-feira, explicou um delegado da PF que participou da operação, a decisão foi de manter Araújo em segurança máxima por sete dias, sendo que nestes casos, o prazo é, em média, 48 horas.

- Levantamos a segurança na sexta-feira seguinte. Como se tratava de um familiar da presidente, tivemos ainda mais cautela. Imagina a responsabilidade de determinar o fim da segurança máxima e acontecer o sequestro? - comentou o delegado.

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