São Luís amanheceu com menos ônibus nas avenidas nesta quinta-feira por causa do início, à 0h, da greve dos rodoviários. No entanto, a Justiça determinou que 70% da frota permaneça em circulação durante o movimento grevista para diminuir os transtornos aos usuários do transporte coletivo, o que pode tirar a força do movimento. O Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários do Maranhão (Sttrema) afirmou ontem que cumprirá a determinação judicial, na qual a entidade está sujeita a multa de R$ 10 mil por hora de paralisação, em caso de descumprimento. Os rodoviários reivindicam reajuste salarial de 16%, mas os empresários afirmam que ainda não têm uma contraproposta para a categoria. A Secretaria de Estado de Educação (Seduc) informou não haverá aula na rede estadual de ensino, por causa da greve de rodoviários.
Na terça-feira, dia 20, a desembargadora Ilka Esdra Silva Araújo, presidente do Tribunal Regional do Trabalho (TRT), determinou o funcionamento de 70% da frota de ônibus de São Luís durante a greve dos rodoviários, marcada para começar à 0h de hoje. A decisão atende a pedido da Prefeitura de São Luís, por meio da Secretaria Municipal de Trânsito e Transportes (SMTT), com o objetivo de garantir a locomoção dos usuários do serviço de transporte coletivo da capital.
A desembargadora estipulou multa de R$ 10 mil por hora de paralisação, que desatentar para o percentual da frota operante. O despacho da presidente do TRT proíbe ainda que os rodoviários realizem protestos alternativos, como a “operação catraca livre” (circulação de veículos sem cobrança de passagem), “operação tartaruga” (operação propositalmente lenta para causar longos engarrafamentos) e “operação piquete” (barricadas nas portas das garagens visando a não saída de veículos).
O Sttrema afirmou que cumprirá a decisão judicial. “O funcionamento de 70% da frota enfraquece nosso movimento, mas como é uma determinação judicial, iremos cumprir”, disse ontem Gilson Coimbra, presidente da entidade. Ainda de acordo com ele, o movimento grevista só será suspenso quando houver acordo entre empresários e trabalhadores. “Ficaremos aguardando um convite para negociar o reajuste salarial. Quando tivermos uma proposta, analisaremos e a categoria, em assembleia, vai decidir se a greve continua ou não”, afirmou.
Reivindicações – Os rodoviários reivindicam reajuste salarial de 16%, aumento no valor do tíquete-alimentação, que passaria de R$ 429,00 para R$ 600,00; inclusão de um dependente no plano de saúde; redução da jornada de trabalho de oito para seis horas diárias; e seguro de vida obrigatório no valor mínimo de 10 vezes o valor do salário, conforme determinada a Lei Federal 12.619/2012.
Mas o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de São Luís (SET) informou que não tem uma contraproposta para fazer para os rodoviários, pois as empresas não têm condições financeiras de arcar com um reajuste salarial de 16%. “O sistema de transporte de São Luís tem uma defasagem de 39,96%, já que o último reajuste tarifário foi em 2010 e duas semanas depois a Prefeitura instituiu a chamada domingueira. E antes disso, o último aumento de passagem havia sido em 2004”, afirmou Luís Cláudio Siqueira, superintendente do SET.
O sistema de transporte coletivo de São Luís tem atualmente três tarifas: R$ 1,30; R$ 1,60; e, R$ 2,10. Para que o sistema possa operar sem defasagem, as tarifas teriam que ser reajustadas para R$ 1,77; R$ 2,27; e, R$ 2,94. Conforme planilha de custos do SET, o prejuízo das empresas de janeiro a abril deste ano foi de quase R$ 37 milhões. “A Prefeitura estava ajudando o sistema de transporte, com um repasse mensal de R$ 2 milhões, desde maio do ano passado, mas a partir de junho não iremos mais receber essa ajuda. As ofertas feitas pelo Município para subsidiar o setor cobririam apenas os R$ 2 milhões que ela deixará de repassar, então, a situação continuaria a mesma”, informou Luís Cláudio Siqueira.
Negociações - Na segunda-feira, dia 19, SET, Sttrema e Prefeitura voltaram a se reunir no Ministério Público do Trabalho (MPT), mas não chegaram a acordo em relação ao reajuste salarial. Até agora, já aconteceram três rodadas de negociações entre empresários e trabalhadores. A primeira delas aconteceu no dia 8 deste mês. Um novo encontro aconteceu no dia 14.
No fim da tarde de terça-feira, dia 20, os rodoviários que trabalham na empresa Taguatur, que opera, sobretudo as linhas que atendem aos moradores da área Itaqui-Bacanga recolheram os veículos às garagens alegando a falta de pagamento da quinzena salarial. “Apenas as empresas Primor e Maranhense fizeram o pagamento dos funcionários. As demais pagaram apenas uma parte dos trabalhadores ou não efetuaram o pagamento”, disse Gilson Coimbra. Segundo o SET, todas as empresas já efetuaram o pagamento da quinzena salarial.

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