Qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência
Homem galinha, homem solitário. O que eles têm em comum?
Mesmo que não atuem sua infidelidade, alguns homens costumam seguir flertando com outras mulheres sem expor sua condição de relacionamento. É um tipo especial do homem vulgarmente conhecido como ‘galinha’. Pode até não ser infiel, mas é desleal.
Em tempos de internet(Facebook,Instagram,WhatsApp, e outras redes sociais) este homem costuma manter-se conectados nesse aplicativos de relacionamento para atrair novas mulheres. Chega a marcar encontros (aos quais pode comparecer ou não), mostra-se sedutor, galante e disponível. Com a namorada pode ser gentil e mostrar-se apaixonado, mas vê seu relacionamento como algo com prazo de validade, com data marcada (mesmo que ignorada por ele ou ela) para terminar. Como acredita que o relacionamento não vai durar, pensa que é melhor ter na manga um plano B. Como é ansioso e descrente, tem um plano C, um D e talvez um E. Ele já antecipa a separação e gesta antecipadamente o final, tentando aliviar seus efeitos e negar o futuro sofrimento. Este homem profetiza o final de um relacionamento que poderia, sim, durar e ser gratificante. É o autoboicote em sua forma explícita e atuado através de uma defesa maníaca: o fenômeno da metralhadora giratória. Atira para todo lado, sem alvo definido e sem foco. Puro barulho e estrago. Fere quem estiver à sua volta, machuca muita gente. O resultado emocional? Ansiedade, vazio, sofrimento, perda e ressentimentos. A metralhadora giratória não se desliga sozinha e só faz vítimas, ela não ganha batalhas.
O homem solitário, que opta por não mais se relacionar afetivamente já teve um ou mais relacionamentos longos ou relativamente longos. Também teve sua carga de sofrimento. E desistiu. Refugiou-se em sua suposta zona de conforto "casa".
O que ambos têm em comum? Sua descrença. Ambos experimentam o que em psicologia chamamos de profecia autocumpridora- acreditam que relacionamentos estão fadados a não darem certo. E, a partir desta crença, passam a ter comportamentos no sentido de confirmá-la. Boicotam-se por antecipação. Um faz uso da conquista de outras mulheres como defesa antecipatória. O outro refugia-se no vazio da solidão. O ‘galinha’ sabe que somos seres sociais e que pode estar no outro a completude de sua felicidade. O solitário esqueceu que o outro pode ser um interessante complemento.
Por paradoxal que pareça, ambos acreditam no conto de fadas e na metade perfeita da laranja. Um a busca incansavelmente na mulher seguinte. O outro parece só querer sair para a vida a dois se for despertado magicamente. Este último, a exemplo da Branca de Neve, parece adormecido. Ambos utilizam-se do pensamento mágico, uma das formas mais primitivas do ser humano funcionar emocionalmente. Nenhum dos dois consegue construir e manter um relacionamento maduro com uma parceira, já que o medo ganha disparado como o parceiro escolhido por ambos. A diferença cabal entre eles? O solitário nega sua necessidade de se sentir amado. O ‘galinha’ a encobre através da fantasia puída de macho conquistador.
O homem que busca incansavelmente o amor em diferentes mulheres e o homem que aparentemente desistiu da busca parecem ter esquecido que relacionamentos não vêm prontos – eles exigem esforço e ‘musculação mental’.
O homem que flerta compulsivamente não forma vínculo verdadeiro e, assim, não possibilita intimidade. Ele não relaxa e fica sempre olhando em volta, acreditando que a próxima haverá de ser melhor, haverá de amá-lo mais. O outro, aparentemente relaxado, relaxou de si como homem e esqueceu de viver. Passou a apenas sobreviver. Desistiu de acreditar em sua capacidade de amar e se fazer amar.
Em tempos de internet e banda larga a velocidade da busca e da fuga é inversamente proporcional à profundidade das relações interpessoais. As relações estão cada vez mais descartáveis e pouco profundas e isso certamente assusta. Vivemos em uma época em que quase tudo se joga fora porque logo em seguida um modelo novo e com mais recursos estará disponível no mercado. Algumas pessoas confundem esta informação e acreditam que ela também se aplica a seres humanos e relacionamentos.
Desistir diante das primeiras dificuldades em uma relação e tratar as pessoas como descartáveis, buscando sempre num próximo relacionamento a pessoa perfeita, encontra eco em uma época em que o ‘ter’ parece ter se sobreposto ao ‘ser’. Parecemos estar todos meio perdidos em relação aos valores que pautam nossas vidas em um momento histórico de tantas mudanças.
Não querer relacionar-se ou fazer uso da compulsão por novos relacionamentos são sintomas e não solução. Somos, sim, seres sociais. O outro agrega e pode trazer ainda mais alegria e completude à nossa vida, mas jamais deve ser o responsável por nossa felicidade.
O outro deve ser um delicioso complemento. Só isto. E tudo isto.
Matéria enviada por um anônimo.
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