SÃO LUÍS: GREVE, PROBLEMAS E FRUSTRAÇÃO NA REDE DE ENSINO
Opinião de O Estado do MA
Greve, problemas e frustração
No dia 22 de maio, há exatos dois meses, os professores da rede de
ensino de São Luís cruzaram os braços e abandonaram as salas de aula em
protesto contra o não atendimento pelo prefeito Edivaldo Júnior (PTC) da
lista de reivindicações cujo item mais importante é o aumento salarial
de 20% para a categoria. O prefeito respondeu com um "não" categórico e
pretensamente definitivo. E o que seria uma paralisação rápida, se
solucionada com o pronto atendimento total ou parcial da pauta de
pleitos, se transformou num movimento grevista tenso, de duração
indefinida e com ataques e respostas duras.
Cerca
de um mês depois de iniciada a greve dos professores, o prefeito
Edivaldo Júnior anunciou aumento geral de 3% para os servidores do
Município, incluindo os professores. O que poderia ser o início de um
processo de entendimento em torno de uma agenda que levasse ao fim da
greve sem esgotar as negociações funcionou, por inabilidade dos
negociadores da Prefeitura, como caldo derramado, acirrando os ânimos
nas duas frentes. Os professores rejeitaram o aumento de 3% e o prefeito
fechou questão nesse patamar. Sem diálogo, a greve foi mantida e,
agora, com a adesão de um número bem maior de professores.
A
consequência não poderia ser mais dramática e danosa para milhares de
famílias cujos filhos dependem da rede municipal de ensino. Para
começar, convocados pelo sindicato da categoria, mais de 80% dos 5.712
professores do Município suspenderam suas atividades, cerrando as portas
de pelo menos 250 das 280 escolas. Com a iniciativa paredista, os
professores deixaram pelo menos 110 mil dos 130 mil estudantes sem aulas
e criaram as condições para que o ano letivo do Município de São Luís
seja mais uma vez prejudicado.
Como é sabido, o
Município tem a responsabilidade do ensino básico, que qualquer manual
de educação aponta como o mais importante e decisivo na formação do
cidadão. E um dos aspectos que contribuem decisivamente para a formação
de base de um estudante é a normalidade do sistema e a regularidade de
funcionamento da rede formada pelas 280 escolas. Em São Luís, depois de
passar por um processo de ajustamento nos anos 1990 e nos primeiros anos
deste século, a rede municipal de ensino entrou num processo de
decadência, que culminou com o colapso do início de 2011, quando o ano
letivo só começou em maio.
Ao assumir em janeiro de
2013, o novo governo municipal prometeu resolver os problemas do
sistema municipal de ensino ainda naquele ano, mas o que se viu até aqui
foi uma série de equívocos, desencontros e quatro secretários de
Educação em 17 meses - média de um a cada quatro meses. Essa situação
mostra a fragilidade e os equívocos da atual administração, que não
consegue estabilizar as atividades educacionais. A greve em curso é o
desdobramento de uma realidade que está longe de ser melhorada. Ao
contrário, o cenário é sombrio e preocupante, porque os professores
parecem determinados a não retornar ao trabalho sem que seu pleito seja
levado a sério pelo prefeito Edivaldo Júnior.
Crianças,
pais, a sociedade, enfim, todos estão preocupados com os prejuízos que
estão sendo impostos a 130 mil crianças matriculadas na rede escolar da
capital. Elas deveriam ser mais respeitadas pela administração
municipal, que não dá sinal de que está, de fato, interessada na solução
do impasse com os grevistas.
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