Ambev, Petrópolis e Schin partem para aquisições e selam parcerias.

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De olho em um segmento em que uma cerveja pode custar até R$ 120, as maiores companhias do setor têm investido pesado na ampliação dos chamados rótulos especiais. Na busca por uma maior rentabilidade nos negócios, gigantes como Ambev (dona de Skol e Brahma), Brasil Kirin (Schin) e Petrópolis (Itaipava) decidiram partir para o ataque com novos sabores. Para incluir em seus catálogos bebidas com ingredientes inusitados como pimenta-rosa, jabuticaba, abacaxi e até mel, estão comprando cervejarias locais e firmando parcerias com as "pequenas" concorrentes.

Mas, segundo analistas, o segmento vai passar ainda por novos processos de aquisições. Recentemente, a Ambev, por exemplo, comprou a mineira Wäls e a paulista Colorado. Há quem acredite em novos negócios já no curto prazo envolvendo ainda as rivais Petrópolis e Kirin. Segundo o dono de uma microcervejaria do Rio que pediu para não ser identificado, as grandes companhias estão "sedentas" pelas inovações das empresas menores:

— Eu, que tenho uma cervejaria pequena no interior do Rio, já recebi pedido de conversas com as grandes do setor — disse.

CERVEJA EM BARRIL DE VINHO

Segundo o consultor Alexandre Loures, diferentemente do que ocorreu nos Estados Unidos e na Europa, onde as maiores empresas assistiram a um crescimento do segmento especial e só depois começaram a comprar as marcas menores, no Brasil, esse movimento foi diferente:

— As grandes companhias querem participar desse movimento. Então, esse processo começou quando a Brasil Kirin comprou Baden Baden e Eisenbahn (a partir de 2007). O crescimento de renda nos últimos anos permitiu que o brasileiro descobrisse novos sabores. E, agora, o segmento de cervejas especiais vem crescendo porque muitos consumidores estão trocando os vinhos pelas cervejas. As artesanais ainda ganham vantagem em relação às importadas, suas principais concorrentes, já que o dólar alto encareceu esses produtos.

Assim, as empresas correm com os lançamentos. A Ambev, por exemplo, com mais de 50 rótulos, lança no fim deste mês uma nova cerveja feita em parceria com a Wäls e a americana Goose Island (da AB InBev) — envelhecida em barris de vinho. Segundo Ricardo Amorim, diretor de Conhecimento Cervejeiro da Ambev, deve chegar ao mercado em breve a nova cerveja Travessia, feita em parceria com a rival Therezópolis, que tem aroma de tangerina:

— Queremos oferecer novas opções para os consumidores. E há a questão da rentabilidade, embora os volumes sejam pequenos. Reformulamos o site Empório da Cerveja, que só vende cervejas especiais.

Quem também prepara novidades é a Petrópolis, dona de marcas como Black Princess e Petra, e que é a única a produzir, fora da Alemanha, as cervejas da marca Weltenburger Kloster, criada em 1905. Ao todo, são 11 rótulos. Segundo Eliana Cassandre, gerente de Propaganda do grupo, a companhia prepara um novo rótulo para 2016.

— Vamos ainda ampliar a distribuição e aumentar os investimentos em marketing. Apesar da crise, o segmento cresce. Hoje a nossa fábrica em Teresópolis só produz as marcas especiais — disse Eliana.

Para Glaucia Gomes, diretora de marketing da Brasil Kirin, a aposta em cervejas especiais é um caminho sem volta. Segundo ela, há enorme potencial de crescimento, "já que essa é uma fatia de mercado que começou a ser explorada há pouco tempo".

— Sempre estamos atentos para trazer novos paladares. Em março, lançaremos a cerveja vencedora do 6º Concurso Mestre Cervejeiro Eisenbahn.

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