Como já ocorreu em outras edições, a vida real entrou sem bater na casa do BBB16. É sempre estranho quando, em meio ao entretenimento descompromissado, temas pesados como racismo, homofobia, abuso sexual e, agora, pedofilia viram assunto do reality show. A Globo sempre adota uma posição ambivalente nestes casos. Com medo de perder o controle de situações com potencial explosivo, a direção do programa não gosta de ver estes assuntos sérios ocuparem espaço da edição. 

Por outro lado, é nessas horas que o reality mostra ser mais que uma diversão boba – ele às vezes também reflete problemas e distorções do mundo real. É preciso reconhecer que desta vez Mr. Edição cuidou de explicar, com didatismo, tanto no programa de sábado (30) quando no deste domingo (31), tudo que aconteceu. 

Bial abriu a mais recente edição falando que a casa vive uma escalada de tensão. A razão, a esta altura todos já sabem, é um conflito entre Ana Paula e Laércio que degenerou em briga, gritaria e acusações graves. 

Com base no que o tatuador uma vez lhe disse, sobre namorar mulheres novinhas e se relacionar com menores de idade, a jornalista o acusou de ser pedófilo e, ao vê-lo dormindo de cueca, o chamou de velho nojento e fedido. São acusações duras e ofensivas e não há como esclarecê-las dentro da casa do BBB. Como ocorre com frequência cada vez maior, nas redes sociais, as ofensas dirigidas a Laércio são ainda mais pesadas e irresponsáveis. Anônimos ou não têm escrito coisas horrorosas sobre o candidato, como se o conhecessem intimamente. 

Há também questões morais envolvidas – Laércio tem 54 anos e se vangloriou na conversa com Ana Paula, de ser procurado por mulheres muito mais jovens que ele. Além disso, tem uma aparência pouco convencional – pinta a barba de azul, é tatuado e anda sem camisa pela casa. Ana Paula tem 34 anos, é jornalista, mas não trabalha. Sei que não sou inútil. Acho que não me encontrei profissionalmente. Trabalhar para falar para os outros que trabalho é a mesma coisa que casar pra mostrar que casou, ela disse antes de entrar no programa. 

O conflito entre os dois terá uma primeira solução na terça-feira. Ambos estão no paredão e um deles sairá do programa. Tenho a impressão, porém, que este assunto ainda terá repercussão mesmo depois da eliminação. Muitas ofensas foram feitas por Ana Paula. Mas a manobra não basta, como diz o advogado especialista em crimes digitais David Rechulski. 

O crime de injúria está previsto no artigo 140 do Código Penal e consiste em ofender a dignidade de alguém na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia, religião , origem ou a condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência. A pena pode chegar a três anos de reclusão. Presidente da Comissão da Igualdade Racial da OAB-RJ, Marcelo Dias — que viu sua filha envolvida em um episódio de racismo — destaca, no entanto, que punições brandas colaboram para que esse tipo de problema se repita.

(Fonte: UOL)

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