Além da criança internada no HUT, outras três passaram por ritual religioso.
Menina de 10 anos foi internada com sinais de tortura e intoxicação.
Além da menina de 10 anos internada no Hospital de Urgência de Teresina (HUT), o Conselho Tutelar IV de Teresina investiga se outras três crianças também teriam sido torturadas em rituais religiosos. Para o G1, a conselheira Socorro Arrais afirmou nesta sexta-feira (22) que as crianças apareceram na escola onde estudam com os cabelos raspados e apresentando cicatrizes em forma de cruz pelo corpo.
"Já entregamos estas novas denúncias à DPCA [Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente] e encaminhamos o relatório com todos os casos à Justiça. Estamos tentando identificar os pais dessas crianças e evitar que elas tenham o mesmo destino da menina de 10 anos", comentou a conselheira.
Conselheira Socorro Arrais fala sobre outros casos
de tortura
A menina foi internada no HUT ainda no dia 14 deste mês com marcas de tortura e intoxicação. Desde então ela está em coma e sem apresentar nenhum tipo de reação ou melhora. O médicos suspeitam que ela pode ter tido de morte cerebral.
Dono de salão nega ritual de magia negra
O proprietário do salão de umbanda, onde os pais levavam a filha de 10 anos de idade - que foi internada com suspeita intoxicação e marcas de tortura -, negou nesta sexta-feira (2) que ela tenha sido submetida a rituais de magia negra. A criança está em coma no Hospital de Urgência de Teresina (HUT) e os médicos suspeitam do quadro clínico de morte cerebral.
O G1 foi ao local que fica a 20 km da cidade de Timon, no Maranhão. O dono do local não quis se identificar, mas a reportagem conversou com populares que frenquentavam o lugar. Segundo eles, várias pessoas vão em busca de tratamento de saúde e em alguns casos a 'mãe de santo' indica uma "garrafada" (bebida com ervas), produzida e vendida por ela.
Na quarta-feira (20) um líquido supostamente ingerido pela criança foi colhido por familiares e entregue à Polícia Civil do Piauí, que enviou o frasco para análise no estado de Goiás. O laudo deve sair em 10 dias.
Dono de salão de umbanda fala sobre rituais espíritas (Foto: Catarina Costa/G1)
Questionado sobre o tratamento oferecido aos participantes das sessões, o dono do salão e marido da 'mãe de santo' negou qualquer tortura a crianças e uso de bebidas. Ele revelou que os pais da menina frequentavam o salão há cinco anos em busca de tratamento para cura de asma.
"Aqui só fazemos trabalhos espirituais, não oferecemos nada que prejudique alguém. Rezamos nas pessoas doentes e depois elas ficam curadas. O que estão falando por aí, sobre a gente fazer algum mal, é mentira. Minha mulher foi inclusive hoje para Teresina a pedido da mãe da criança, rezar pela saúde dela", declarou.
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