Mais de 40 corpos se acumulam no IML de Teresina por falta de caixões
Mais de 40 corpos estão acumulados nas geladeiras do Instituto Médico legal de Teresina (IML) e terão que ser enterrados de forma coletiva. No fim de semana, um problema em algumas das geladeiras do local fez com os cadáveres exalassem forte odor e causassem um grande transtorno tanto para os funcionários quanto para a vizinhança.
De acordo com a direção do IML, existem corpos que já estão nas geladeiras há mais de um ano, quando não deveriam estar acumulados no local. O motivo apontado pelo órgão é a falta de fornecimento de caixões para enterrar os cadáveres. Muitos são considerados indigentes, enquanto outros até foram identificados, mas ninguém compareceu para fazer a liberação.
"A nossa maior dificuldade são os caixões. O estado diz que a prefeitura é quem deve fazer a entrega, enquanto a prefeitura joga para o estado. Assumi o cargo há três meses e nunca veio um caixão para cá. Como tivemos esse problema, o secretário de segurança me garantiu que irá adquirir os caixões e aí deveremos fazer um enterro coletivo", falou Janiel Guedes, coordenador estadual do IML.
Janiel disse ainda que os problemas com geladeiras são constantes no órgão e que uma empresa de São Paulo é a responsável pela manutenção do sistema de refrigeração. Segundo ele, alguns dos equipamentos não refrigeram o ideal para a conservação dos corpos, o que deixa a preservação vulnerável.
"Para congelar os corpos as geladeiras precisam estar em temperatura abaixo de zero. Mas aí a gente tem algumas aqui que ficam acima desse nível, o que não é o ideal. A gente até tem capacidade para essa quantidade de corpos, só que eles não deveriam estar aqui por todo esse tempo. O ideal é liberar no máximo em até 30 dias", completou.
O problema do fim de semana já está solucionado e o mau cheiro foi contido.
Vizinhos reclamam
O forte mau cheiro que ocorreu da sexta-feira para o sábado deixou a vizinhança bastante incomodada. Segundo uma funcionária de um comércio situado na frente do local que preferiu não ter o nome revelado, o odor afastou até mesmo a clientela. Ela contou ainda que a direção o IML comunicou que havia tido um problema com as geladeiras.
A assistente social e professora da rede municipal Cleonise Mota mora na frente do instituto e diz que a situação incomoda bastante. Segundo ela, a preocupação com a proliferação de doenças é comum entre os moradores da área. Ela também reclama do lixo descartado do local e colocado próximo à casa dela.
"Cheguei a sentir o mau cheiro. A gente se depara com essa dificuldade aqui e isso prejudica a saúde, pois fica aquela coisa com mosca. Minha mãe é idosa e tem que passar por esse constrangimento. Além disso, nos preocupamos com o lixo que eles jogam aqui na frente em sacos plástico", falou.
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