Dor? – Que dor que nada. Coragem, sim!

Gilson Vieira 

 Abro o Facebook e vejo uma foto de um ser esquálido, pálido, sem cabelos e um sorriso aberto. Aquele sorriso me passa uma força imensurável, o sorriso aberto de quem já venceu todas as lutas, todas as adversidades; e que está pronto para enfrentar tudo o que vier pela frente de peito aberto. 

Sorriso largo, de menino danado, teimoso, que cismou que vai viver, que quer continuar vivo. Um menino teimoso, que nem tinha jeito de atleta (todo desengonçado), mas enveredou pelo futebol na posição ingrata de goleiro, depois técnico; que não tinha nada parecido com um locutor, e se tornou um grande comunicador; que não era assim tão popular, nem tão bem aceito no meio político, e se tornou um parlamentar com os votos de credibilidade do povo de sua terra; que todos achavam que seria um vereador descomprometido, meninão, jovem inconsequente na política, e mostrou maturidade, compromisso, fidelidade e respeito ao povo e aos seus ideais. 

Menino teimoso mesmo, daqueles, daqueles que ficam horas a fio numa roda discutindo política, futebol e até mesmo religião. Teimoso, questionador, “brigador”, idealista. Convivi muito com esse menino, rapaz, homem, amigo, camarada, companheiro e irmão de coração. Ele começou comigo trabalhando em uma danceteria, depois foi para a Rádio Boa Esperança do Mearim, onde eu era diretor e ele foi locutor, comentarista e corretor. Um dia larguei a rádio e fui embora, me formei em jornalismo, resolvi voltar para o Maranhão, para fundar um jornal, o “Panorama Regional”, e vim para Pedreiras, quando cheguei, vindo de Palmas (Tocantins), ele já estava me esperando, tinha alugado uma casa do lado da minha e mudou de Esperantinópolis para Pedreiras, onde foi meu sócio no bem-sucedido jornal, que muito deve do sucesso que obteve ao seu empenho.

 Voltando a Esperantinópolis, depois de terminarmos nossa sociedade nos negócios, com a nossa amizade inabalada e ainda mais forte, ele resolveu entrar na política, e contra todas as lógicas elegeu-se vereador, e se reelegeu, com o respeito da população por ter conseguido manter uma linha sóbria de atuação parlamentar. Foi eleito presidente da Câmara Municipal, um reconhecimento à sua competência e compromisso com os esperantinopenses.

 Mas...uma rasteira da vida, um tropeço na sua caminhada...um mal foi se instalando em seu corpo e o fragilizando, uma doença silenciosamente cruel o acometeu, mas não o derrubou. Uma barreira, intransponível para os fracos, mas não para os teimosos, os fortes, como ele. 

Aquele sorriso da foto de capa do seu perfil no Facebook contagiou não apenas a mim. Desde quando ele a publicou que tenho acompanhado as centenas de mensagens de fé, de carinho, de força... o que demonstra ao meu amigo/irmão, o quanto ele é amado e querido. Eu sou apenas mais um dos milhares de seus amigos que acreditam na sua força, na sua garra, expressadas naquele sorriso emoldurado num rosto pálido de uma cabeça lisa, das fortes “porradas” da quimioterapia. Aquele sorriso no meio da dor nos dá a certeza de que não é dessa vez. O Pai saberá esperar mais um pouco, pois ainda há muitas missões para este menino teimoso entre nós. 

Deus te abençoe, fique bem! Um abraço de seu amigo/irmão Nilton Lee "Nós precisamos aceitar a dor e transformá-la em combustível em nossa jornada." -- Kenji Miyazawa.