Imagem meramente ilustrativa...

Imagem meramente ilustrativa…

Diversos esquemas de corrupção envolvendo a aquisição de livros didáticos por prefeituras do Maranhão estão sendo desvendados por investigações da Polícia Federal, Controladoria-Geral da União (CGU) e Ministério Público Federal (MPF). As práticas incluem dispensa indevida e inexigibilidade de licitação, superfaturamento e pagamento de propinas, resultando em prejuízos milionários aos cofres públicos.

O roteiro das fraudes é quase sempre o mesmo: a empresa fornecedora é previamente escolhida pelo prefeito (a) ou por seus interlocutores. Em seguida, obtém-se um atestado de exclusividade regional ou local emitido pela Câmara Brasileira do Livro (CBL). De posse desse documento, a empresa fabrica um parecer pedagógico, muitas vezes copiado de outros municípios ou redigido por consultores alinhados com o próprio fornecedor. Esse parecer é então encaminhado à secretaria de educação, e os secretários — muitos coagidos politicamente — são levados a assiná-lo, viabilizando a contratação direta com inexigibilidade de licitação. O contrato, por sua vez, é firmado com valores exorbitantes e pagamentos vultosos, com indícios de repasses ilegais de até 50% ao longo da cadeia.

As operações policiais que vieram a público nos últimos anos são apenas a ponta do iceberg. Em abril de 2025, a Operação Livramento escancarou um dos casos mais graves: a prefeitura de Barra do Corda adquiriu mais de sete mil livros além da quantidade de alunos matriculados na rede municipal, gerando um rombo estimado em R$ 3,4 milhões. As investigações apontam para a não entrega dos livros, apesar do pagamento integral do contrato, que foi custeado com recursos oriundos dos precatórios do Fundef.

Antes disso, em 2020, a Operação Mascate, deflagrada em Buriti Bravo, com epicentro na delegacia da Polícia Federal em Caxias, desvendou um esquema semelhante. A empresa investigada havia firmado contratos com diversas prefeituras utilizando os mesmos moldes: atestados de exclusividade, inexigibilidade, entrega fictícia de livros e repasses ilícitos. Os responsáveis, incluindo o então secretário de educação, teriam recebido valores em contas de terceiros para viabilizar os contratos fraudulentos. Mandados de busca e apreensão foram cumpridos no Maranhão e no Ceará.

Mais recentemente, em abril de 2025, outro município maranhense também foi alvo de denúncias após firmar contrato milionário com uma empresa já investigada por práticas semelhantes. Parlamentares e veículos de imprensa locais apontaram inexigibilidade injustificada, ausência de critérios técnicos para escolha dos livros e indícios de sobrepreço.

As cifras envolvidas impressionam. Somente em 2024, o total contratado por prefeituras maranhenses com base nesse tipo de expediente ultrapassa a marca dos R$ 47 milhões. E os números podem ser ainda maiores, considerando que diversas contratações ocorreram com documentos padronizados, fornecidos pelas mesmas empresas a diferentes administrações, quase sempre com textos idênticos e apenas com a substituição do nome do município contratante.

Além das empresas já investigadas nessas operações, fontes confirmam que há outras distribuidoras e editoras que movimentaram milhões nos últimos dois anos e que já estão na mira da Polícia Federal.

O envolvimento dessas novas empresas, assim como os nomes das prefeituras beneficiadas e os contratos sob suspeita, serão tema de uma próxima reportagem exclusiva deste blog.

O que se evidencia com clareza é que, em muitos casos, a educação foi utilizada como fachada para enriquecimento ilícito de poucos. Enquanto estudantes aguardam livros que nunca chegam às salas de aula, empresários e agentes públicos se beneficiam de um esquema que deturpa os princípios da administração pública, esvazia os cofres municipais e compromete o direito fundamental à educação.

Comentários do Blogger

4 Comentários

  1. Esse ensino do EJA é a maior fraude nas Prefeituras

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  2. Tem até vereador que sabe ler e escrever estudando novamente a pergunta é a justiça investiga isso baseado em qual denúncia ou fatos como eles conseguem identificar se ninguém denunciou ou será que nem precisa de denúncia

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  3. A maior fraude das Prefeituras está na secretaria de esportes investiguem o que foi gasto com atividades realizadas pela prefeitura durante o ano depois peguem as notas fiscais das lojas que o material esportivo foi comprado e saibam quem são os proprietários da loja e os funcionários da Prefeitura pra ver se tem alguma ligação de parentesco caso vcs consigam saber como foi a licitação nos digam em detalhes quem eram os concorrentes

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